Uma teoria sobre nossa percepção de nós mesmos a partir do outro - e como as redes sociais potencializam a distorção.
Charles Cooley introduziu a ideia de que nossa autoimagem se forma a partir de como acreditamos ser percebidos pelos outros. Esta percepção não é apenas uma reflexão direta, mas uma interpretação subjetiva das reações e atitudes alheias em relação a nós.
O processo se desdobra em três etapas:
primeiro, imaginamos nossa aparência aos olhos alheios; depois, ponderamos sobre as avaliações que supomos que eles façam; por fim, desenvolvemos sentimentos como orgulho ou vergonha, baseados nessa percepção.
O eu montado no feed
Nas redes sociais, a teoria de Cooley ganha novos contornos – e, talvez, se intensifique.
Moldamos nossa identidade digital através de postagens, fotos, frases que refletem a imagem que desejamos projetar aos outros. Ou seja, uma curadoria digital que é mais do que uma forma de expressão, mas um barômetro de aceitação social, onde reações, comentários e curtidas não apenas medem a popularidade, mas também influenciam diretamente como nos enxergamos.
Essa busca por validação online é um exemplo vívido da teoria em ação. A recepção positiva eleva a autoestima, enquanto a ausência de interação ou feedbacks negativos podem induzir sentimentos de inadequação e insegurança.
A distorção da autoimagem é um aspecto crítico. Ao selecionarmos o que mostramos e o que escondemos, inevitavelmente criamos um abismo entre pessoa e persona.
Quem acompanha minha produção sabe que esse tema me é caro. Já escrevi várias vezes sobre, a partir de diversas perspectivas. Considero cada vez mais relevante não só porque muitos de nós já vivem mais tempo no digital do que no offline, mas também porque respinga nas ideias em torno de marca pessoal, tema que tem crescido e que acredito ser terreno fértil pra muitas camadas de observação.
Porque se formamos sentimentos sobre nós mesmos a partir do que acreditamos que o outro pensa de nós, e estamos desenhando essa percepção alheia de modo intencional e contaminado pela lógica algoritmica de interesse privado, quem, afinal de contas, está moldando nossa personalidade?
➝ Nação dopamina, livro: ainda sou preconceituosa com best-sellers de não-ficção. Mas me motivei a ler Nação dopamina depois de ouvir a autora em um podcast de ciência. Ela é seriona! E o livro é ótimo pra repensar vícios e hábitos. Gostei demais e das pessoas do meu entorno que leram, todas elogiaram. Link pra e-book, audiolivro ou capa comum aqui.
➝ Yellowjackets, série na Netflix/Prime: adoreeei demais! Série de um time de futebol feminino que cai na mata. Acompanha o antes, durante e depois da sobrevivência. Tem uma estética muito anos 90 e prende a partir do primeiro episódio. Primeira temporada na Netflix. Segunda, só no Prime. Trailer aqui.
➝ True detective, série na HBO: a nova temporada chegou e acho que é minha favorita - você não precisa ter assistido as anteriores pra ver esta, que é com a Jodie Foster 🧡 Cheia de mistério e de eita atrás de eita.
➝ Past lives, filme nos cinemas: estreou Past Lives, que tá concorrendo ao Oscar de melhor filme. E assim… que coisa mais linda 🥹 Celine Song tá sendo superelogiada. Fala de ambição em sua melhor versão, de encontros e desencontros, de amor, escolhas e caminhos de um jeito sensível e maduro. Bonito de roteiro, de cor e de fotografia. Trailer aqui.
➝ Somos o que comemos, série na Netflix: eu amo docs e séries sobre estilo de vida. E essa vai ficando melhor a cada episódio, porque ganha contexto sociopolítico. Nela, gêmeos idênticos participam de um estudo em que têm de seguir uma dieta vegetariana ou omnívora durante oito semanas. Trailer aqui.
➝ Cristóbal Balenciaga, série no Star+: jamais imaginaria o homem por trás da Balenciaga como reservado, cheio de questões com a publicidade e fiel a convicções apolíticas. Mas é o que conta a série sobre o estilista que acabou de estrear no Star+. Vale a pena. Trailer aqui.
➝ Sou fã: a carioquíssima Granado lançou uma… sorveteria. Ah, a unidade de marca 🫶
➝ Por falar em carioca, sente só a delícia que é a Bossa Confraria, empresa de organização de eventos-experiência, com marca recém-lançada e que tem criação assinada pela VOZ Colab 🫀
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